quarta-feira, 14 de maio de 2008

AS PEDRAS E OS MUROS


Quando passamos por algum lugar da cidade, dos mais antigos, aqueles que não se encontram rodeados de betão e, como tal, uniformizados no aspecto que os assemelham a todos os outros, idênticos na forma e no conceito, vemos muros assim.

São pedras antigas, toscamente moldadas, gastas pelo tempo e, quase sempre, acondicionadas duma forma rude, aparentemente insegura. No entanto, elas permanceram séculos assim e assim permanecerão para além de nós como estão, suportando edifícios, ruas e todo o movimento de pessoas e trânsito que esta cidade teve ao longo dos tempos.

Este muro, concretamente, encontra-se a suportar a Rua da Restauração. Por ela passaram, desde 1865, carroças carregadas de mercadorias em direcção ao cais de Massarelos, camiões pesadíssimos com materiais de construção destinados à Ponte de Arrábida, carros eléctricos, autocarros. E as pedras, encavalitadas umas nas outras, aparentemente soltas e inseguras, ali permanecem firmes como rochas. E ali ficarão para sempre, assistindo às muitas transformações da cidade e garantindo, para sempre, o percurso de todo o tipo de trânsito que os tempos vindouros fizerem passar pela rua que suportam. A Rua da Restauração ou outra, fruto duma renomeação que se julgue necessária para enaltecer alguma coisa ou alguém, considerado, então, mais importante que o restauro longínquo da independência do país.

terça-feira, 6 de maio de 2008

OS BÊS E OS VÊS



Sem esforço, trocam-se os bês pelos vês, do Douro para cima. Não é grave. É um hábito linguístico espontâneo, uma pronúncia enraizada que se alonga pelo Norte de Portugal até à Galiza. Em qualquer contacto telefónico ou pessoal, um nortenho não escapa à observação perspicaz do cidadão do Sul que, a propósito ou não, remata logo " ah, você é do Norte!"

A Ber Bamos pretende ser um lugarzinho minúsculo neste universo internético, falando do Porto, do Norte, das origens remotas deste lugar, das remotas esperanças de o ver tratado, pelas estâncias governativas, como merece e pelo merecimento de ter quem o governe, com paixão pela causa que os cidadãos confiaram em suas mãos.

A Ber Bamos onde poderemos chegar e até onde nos poderão levar.